segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

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O Centro de Reunião de Deus na Terra Hoje


O Centro de Reunião de Deus na Terra Hoje

Então, há um centro divino de reunião para Cristãos na Terra? Sim, a Escritura ensina que há. Onde está ele então? Ora, isso é para cada Cristão procurar e encontrar. O Senhor disse “buscai, e achareis” (Lc 11:9). Deus quer que sejamos exercitados sobre isso e procuremos o Senhor para orientação, assim como Pedro e João fizeram quando perguntaram ao Senhor “onde” que Ele queria que eles estivessem (Lc 22:9). “A glória de Deus é encobrir o negócio; mas a glória dos reis é tudo investigar” (Pv 25:2). A resposta para a pergunta: “Quem tem a mesa do Senhor?” é – o Senhor! É a Sua mesa, e Ele está guiando à ela os crentes exercitados.

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Tendo completado o modelo de uma assembleia reunida biblicamente, nosso desejo é colocá-lo nas mãos daqueles que estão verdadeiramente exercitados sobre estas coisas, e que o Senhor os guie ao lugar de Sua escolha, para que conheçam a alegria da Sua presença no meio daqueles a quem Ele reuniu ao Seu nome.

Número Doze - Há um Divino Reunidor Que Guia Cristãos Exercitados ao Centro


Número Doze - Há um Divino Reunidor Que Guia Cristãos Exercitados ao Centro

Mateus 18:20, Lucas 22:7-20 e Apocalipse 3:7-13 nos mostraram que Deus tem um lugar – um terreno eclesiológico de princípios de reunião no qual Ele queria que os Cristãos se reunissem para adoração, ministério e comunhão. O apóstolo Paulo o chamou de “a mesa do Senhor” (1 Co 10:21). Este termo, como mencionamos antes, simboliza a comunhão (o que uma mesa representa) que o Senhor formou, e para à qual Ele chamou todos os Cristãos (1 Co 1:9), onde Sua autoridade é reconhecida e reverenciada em questões administrativas (Mt 18:18-19; 1 Co 5:4). Estas mesmas três passagens (Mt 18:20; Lc 22:7-20 e Ap 3:7-13) também indicam que há um divino Reunidor (o Espírito Santo) que conduz crentes exercitados ao lugar de Sua escolha. Isto deveria ser um grande encorajamento para toda pessoa que está buscando encontrar o lugar onde o Senhor está no meio. Se formos verdadeiros e honestos em buscar os caminhos de Deus, o Espírito de Deus nos guiará ao Centro divino – Cristo no meio. Vamos ver isto nessas três passagens seguintes.

Mateus 18:20

Vamos voltar novamente a Mateus 18:20 e focar em outra parte do versículo: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em [colocados juntos ao – JND] Meu nome.... O Espírito não é diretamente mencionado nesta passagem, mas está claro, a partir destas palavras, que Ele é o poder por detrás dos crentes sendo reunidos ao nome do Senhor. O Senhor não disse, “onde dois ou três se reunirem”, ou “se encontrem juntos”, como algumas traduções modernas apresentam. “Estiverem reunidos” é voz passiva no original grego[1] e isto aponta para o fato de que há um poder fora das próprias pessoas que está envolvido em reuni-las naquele terreno. Isto mostra que o terreno divino de reunião não é uma associação voluntária de crentes. É verdade que deve haver exercício pessoal e energia, da parte daqueles que estão reunidos pelo Espírito, para serem encontrados no lugar onde Cristo está no meio, mas em última análise, Ele é Quem reúne.
Hamilton Smith disse: “Usando uma ilustração simples, vejo um cesto de frutas sobre a mesa. Como elas chegaram lá? Elas foram reunidas juntas; não chegaram lá por seus próprios esforços. A palavra (traduzida para o inglês como) ‘gathered together’ (que numa tradução livre poderia ser ‘ajuntados em grupo’) em grego é ‘sunago’ que literalmente quer dizer ‘conduzir juntos’, e poderia ser traduzida como ‘são guiados juntos’ – todas sugerem um Reunidor”.
J. N. Darby disse: “Ele [Cristo] é o único Centro de reunião. Os homens podem fazer associações entre si, tendo muitas coisas como seu objeto ou alvo, mas a comunhão dos santos não pode ser conhecida a não ser que cada linha convirja para o Centro vivo. O Espírito Santo não reúne santos em redor de meros pontos de vista, por mais verdadeiros que sejam sobre o que a Igreja é, sobre o que tem sido, ou sobre o que possa ser na Terra, mas Ele sempre os reúne em torno dessa bendita Pessoa, que é A mesma ontem, hoje e para sempre. ‘Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em [ao] Meu nome, aí estou Eu no meio deles’”.

Lucas 22:7-10

Lucas 22:7-10 sustenta o fato de que há um divino Reunidor. Diz, “Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem, levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar”. O Espírito de Deus é visto aqui na figura de “um homem” levando um cântaro de água. Muitas vezes na Escritura o Espírito de Deus é visto como um homem anônimo trabalhando atrás das cenas. Isto porque não é objetivo do Espírito de Deus chamar atenção sobre Si mesmo (Jo 16:13-14), e esta é a razão pela qual Ele não é mencionado diretamente em Mateus 18:20. Ele não toma lugar de proeminência no Cristianismo, mas trabalha atrás dos bastidores, guiando almas exercitadas àquele terreno bíblico onde Cristo está no meio daqueles assim reunidos. Neste caso, Ele conduziu os discípulos ao lugar de escolha do Senhor onde poderiam estar com Ele para a ceia. “Água” na Escritura frequentemente significa a Palavra de Deus (Ef 5:26; Jo 15:3). Assim, aprendemos que o Espírito de Deus usa os princípios da Palavra de Deus para guiar crentes ao lugar da escolha do Senhor.
Mateus 18:20 enfatiza o trabalho soberano de Deus em sermos reunidos pelo Espírito, mas em Lucas 22:8-12 concentra-se mais no que é exigido de nós para sermos guiados pelo Espírito para o lugar.
  • Primeiro, precisamos ter um desejo sincero de saber onde é o lugar da Sua escolha. Isto é ilustrado com Pedro e João inquirindo ao Senhor, “Onde (Tu) queres que a preparemos?”
  • Segundo, é necessária a energia de fé para entrar na cidade e ser exercitado sobre ser levado ao lugar. Isto é ilustrado nas palavras, “E, indo eles... (v. 13).
  • Terceiro, há o exercício de subir as escadas de separação para o “cenáculo” (v. 12). Isto implica em deixar para trás toda conexão com o mundo – tanto secular como religiosa.
  • Quarto, tendo sido dirigido ao local da Sua escolha, há o exercício de “preparar” (v. 12). Isto se refere necessidade de estarmos em um estado espiritual de alma adequado à Sua presença. Preparamos nossa alma por meio do julgamento próprio (1 Co. 11:28).

Apocalipse 2 e 3

Estes dois capítulos também indicam o trabalho do Espírito de Deus nos guiando no caminho em relação à verdade da Igreja, sendo visto nas palavras, “o que Espírito diz às igrejas” – mencionadas sete vezes nesses capítulos (caps. 2:7, 2:11, 2:17, 2:29, 3:6, 3:13, 3:22). O Espírito de Deus está falando na profissão Cristã, e estará na Terra fazendo isto até que o Senhor venha. Nossa responsabilidade é “ouvir” Sua voz e seguir Suas instruções. Se formos sensíveis à Sua direção, Ele nos levará a um entendimento da Igreja. O Espírito do Senhor guiará um Cristão que ora.
A quem mais o Senhor poderia confiar o reunir o Seu povo ao Seu nome, senão ao Espírito de Deus! Os homens mais bem-intencionados procuraram reunir o povo do Senhor e fizeram disso uma confusão completa. Sendo ignorantes quanto à verdade do reunir conforme as Escrituras, os desviaram para seitas e grupos denominacionais e os encorajaram a ir “à igreja de sua escolha”. O resultado é que Cristãos foram dispersos em milhares de direções. Isto certamente não é obra do Espírito Santo.

Deus Usa Instrumentos Humanos

O Espírito pode usar um instrumento humano nesta obra de guiar crentes no caminho da verdade. Ele pode permitir que alguém, que conhece a verdade do reunir, passe esta verdade para uma pessoa que está procurando o lugar, e assim instruí-lo “mais precisamente no caminho de Deus” (At 18:24-26). A este respeito, queremos ser instrumentos prontos nas mãos do Senhor, “preparado para toda a boa obra” (2 Tm 2:21, 24-26).
Toda a verdade é para toda a Igreja. Temos de fazê-la disponível para cada um que a procura. Deveríamos estar “sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3:15). Mas precisamos ser cuidadosos neste trabalho. Não devemos tentar fazer a obra do Espírito Santo em reunir Cristãos ao nome do Senhor. W. T. P. Wolston advertiu, “Não empurre com um forcado[2] seus convertidos para dentro da assembleia”. Precisamos estar em comunhão com o Senhor quanto ao quando e como expormos a alguém a verdade do reunir. Ao indiscriminadamente espalhar a verdade da assembleia a todos quantos encontramos, poderemos, inadvertidamente, dar “aos cães as coisas santas” e deitar “pérolas” aos “porcos” (Mt 7:6). Um “porco” na Escritura é frequentemente usado para descrever um falso professante. Uma “pérola” na Escritura se refere à assembleia (Mt 13:45-46). E esta verdade é propriedade exclusiva da Igreja. A verdade concernente à assembleia deve ser disseminada cuidadosamente.
Uma razão por que deveríamos ser cuidadosos nesta questão é que pode ser possível forçar a verdade em pessoas que não estão prontas para ela. Às vezes, podemos estar tão ansiosos para mostrar às pessoas a verdade da assembleia que isto se transforma em uma discussão. Precisamos dar a elas tempo para que a considerem, e orar para que o Senhor as guie. J. N. Darby disse que nunca tentou coagir alguém, que não tivesse fé ou convicção para isso, a seguir o caminho que ele estava seguindo (estando reunido ao nome do Senhor). Que possamos ser guiados pelo Senhor neste serviço.


[1] N. do T.: Se em português estivesse traduzido na voz passiva seria: “Porque, onde forem dois ou três reunidos em meu nome...”
[2] N. do T.: O forcado ou forquilha é um instrumento utilizado na agricultura e na jardinagem, constituído por um cabo longo de madeira, com de dois a quatro dentes compridos na ponta, geralmente de metal, assemelhando-se a um grande garfo.

O Único Centro de Reunião no Velho Testamento é uma Figura do Único Centro de Reunião no Cristianismo


O Único Centro de Reunião no Velho Testamento é uma Figura do Único Centro de Reunião no Cristianismo

A verdade de Deus de ter um único centro divino de reunião pode ser esquadrinhada no Velho Testamento. Não podemos pensar que o centro divino de reunião no Velho Testamento não tenha equivalência no Novo Testamento. De fato, Seu centro no Velho Testamento é, na verdade, uma figura do Seu centro de reunião no Cristianismo.

Abraão em uma das Montanhas de Moriá

A verdade de um centro divino de reunião é vista pela primeira vez em Gênesis 22. Deus tinha um “lugar” específico onde Ele queria que Abraão oferecesse seu filho Isaque em holocausto. É significativo que não era em qualquer lugar em Moriá, mas em uma das montanhas” para a qual Deus o dirigiria (v. 2). Ele não disse a Abraão, “vá a uma montanha de sua escolha...”. Não era uma questão de Abraão escolher o lugar, mas de Deus o escolher. Foi o mesmo lugar que o Senhor escolheu para que Seu povo se reunisse para adoração na terra de Canaã, muitos anos depois (Dt 12:5-7; 2 Cr 6:6; Sl 132:13). Jerusalém foi construída lá, e o templo foi erigido nesse local (2 Cr 3:1, 5:13-14). Era o próprio lugar onde o Filho de Deus Se tornaria a oferta pelo pecado e consumaria a redenção por meio de Sua obra na cruz (Lc 9:31; Mt 20:18-19). Parece que Deus tinha Seus olhos naquele lugar desde o momento que lançou os fundamentos da Terra. O lugar que Deus escolheu (Jerusalém) é o tipo do Seu lugar de reunião no Cristianismo.
O fato de que Deus disse a Abraão, “que Eu te direi..., indica que haveria a necessidade de condução divina para encontrar “o lugar”. Observe também que havia a necessidade de ver o lugar de longe (v. 4), o que implica apreender a verdade de um único centro de reunião. E então havia a necessidade de ir para lá (v. 9); isto implica os exercícios do coração em relação a ser levado ao lugar. Abraão tinha os olhos para ver o lugar e a força para procurar e encontrá-lo. Deus deseja que tenhamos os dois. Isto significa que ser levado ao lugar designado por Deus não é mero exercício intelectual.
Indo para esse lugar para “adorar”, Abraão deixou o “moço” para trás com o “jumento”. Isto nos diz que a energia da natureza (o moço) deve ser colocada no lugar da carne (os jumentos). Essas coisas precisam estar fora do caminho quando buscamos ser guiados pelo Senhor. Preferências pessoais e gostos e aversões naturais não têm nada a ver com isto. Isto também nos diz que indo “ao lugar”, podemos ter que deixar amigos e conhecidos para trás, os quais não veem o que vemos no lugar.
Quantas montanhas havia lá na “terra de Moriá”? Não sabemos, mas sabemos que Deus tinha “uma” e apenas uma em mente para qual Abraão deveria ir. Havia apenas uma montanha que tinha “um carneiro detrás dele, travado pelas suas pontas, num mato” – uma figura de Cristo (v. 13). Se Abraão tivesse ido a qualquer outra montanha em Moriá, ele não teria visto essa visão maravilhosa. Quando Abraão chegou lá, “levantou Abraão os seus olhos” e viu o carneiro (v. 13). Se ele não tivesse feito isto, teria perdido esta cena, mesmo estando no lugar. Isto nos diz que é possível estar onde o Senhor está no meio, mas perder o Objeto ao qual o Espírito de Deus focaria a atenção de nosso coração – Cristo no meio.

O Centro de Reunião é uma Pessoa

A próxima referência de Deus tendo um centro de reunião na Escritura é encontrada em Gênesis 49:10. “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a Ele se congregarão os povos”. “Siló” é uma referência a Cristo. Significa “pacificador” ou “homem de paz” e refere-se a Ele que é o “Príncipe da Paz” (Is 9:6).
Esta profecia indica que “Judá” (os judeus) manteria seu lugar na terra “até” que Cristo viesse, e após isso o “cetro” se afastaria deles. Isto aconteceu quando Tito e os Romanos conquistaram a terra e espalharam os judeus (70 d.C.). A profecia vai adiante e diz que após isso “Siló” se tornaria o Centro de reunião de todas as nações. Isto vai acontecer no Milênio (Zc 2:11; Sl 47:9). A palavra “povos” (plural), que se refere às nações gentias sendo reunidas a Ele.
O grande ponto a ser entendido nesta profecia é que o centro de reunião de Deus não é apenas um lugar geográfico na Terra; é também uma Pessoa – o próprio Senhor. Assim, nestas duas primeiras referências ao centro de reunião de Deus nas Escrituras, aprendemos que Ele tem um LUGAR que escolheu para reunir Seu povo para adoração (Gn 22), e há uma PESSOA divina que está lá, no meio – o Senhor (Gn 49).

O Único Lugar Anunciado em Deuteronômio 12

Quando os filhos de Israel entraram na terra de Canaã para habitarem lá, o Senhor disse a eles que Ele tinha escolhido um lugar para trazerem suas ofertas e adoração. Ele apontou o lugar para Davi fazendo descer fogo do céu naquele local (1 Cr 21:22; 22:1). O lugar era Jerusalém (2 Cr 3:1, 6:6).
É significativo que as características que marcaram o lugar designado por Deus, no Velho Testamento, são as mesmas, em princípio, do lugar de escolha do Senhor no Cristianismo. Algumas dessas correspondentes características são:
  • Jerusalém era o lugar que o Senhor tinha “escolhido” para Israel se reunir – não foi o povo que o escolheu (Dt 12:5; 2 Cr 6:6). Igualmente, o terreno que o Senhor escolheu no Cristianismo para Cristãos se reunirem não é em qualquer lugar que escolham se reunir, mas “onde” Ele escolheu (Mt 18:20; Lc 22:7-10).
  • Jerusalém era o lugar onde o Senhor colocou Seu nome (Dt 12:5, 11). Igualmente, o Senhor colocou Seu nome como o centro de reunião hoje – “onde estiverem dois ou três reunidos em [colocados juntos ao – JND] Meu nome” (Mt 18:20).
  • Jerusalém era o lugar onde a presença do Senhor seria conhecida – era “Sua habitação” (Dt 12:5). Igualmente, a presença do Senhor sanciona o terreno sobre o qual Cristãos são reunidos pelo Espírito, e Ele está ali, “no meio”.
  •  Jerusalém era o lugar onde os Israelitas deveriam oferecer seus sacrifícios a Deus, e não em qualquer outro lugar (Dt 12:6, 11-14; Lv 17:1-9). Igualmente, Cristãos devem se reunir para partir o pão e adoração apenas no lugar da escolha do Senhor.
  • Jerusalém era o lugar onde os Israelitas deveriam ter feliz comunhão com seus irmãos (Dt 12:7, 12, 18; 14:26). Igualmente, o centro de reunião hoje é um lugar não apenas para adoração e ministério, mas também comunhão (At 2:42).
  • Jerusalém era o lugar onde Israel realizava suas festas anuais (Dt 16:2, 6, 11, 15, 16). Igualmente, todas as reuniões da assembleia devem ser realizadas no mesmo terreno de reunião.
  • Jerusalém era o lugar onde decisões administrativas de ligar e desligar eram tomadas (Dt 17:8-13). Igualmente, aqueles no centro de reunião no Cristianismo têm autoridade para agir em nome do Senhor ao tomarem decisões de ligar e desligar.
  • Jerusalém era o lugar onde os Israelitas levavam seus dízimos. Esses eram presentes ao Senhor (Dt 26). Igualmente, as “coletas” dos santos são para ser feitas no primeiro dia da semana e incluída na adoração oferecida ao Senhor (1 Co 16:1-2; Hb 13:15-16).
  • Jerusalém era o lugar onde Israel tinha que se reunir para ouvir e aprender a verdade da Palavra de Deus (Dt 31:11-13). Igualmente, o Senhor queria ter os crentes para estarem juntos para aprenderem “a doutrina dos apóstolos” no lugar de Sua escolha (At 2:42).
  • Jerusalém era o lugar onde oração era feita (1 Rs 8:28-29). Igualmente, no Cristianismo temos reunião de oração no lugar de Sua escolha (At. 2:42; 4:23-31).

É significativo que essas características que marcaram o lugar designado por Deus no Velho Testamento são as mesmas, em princípio, que marcam o lugar designado pelo Senhor no Cristianismo (Mt 18:20). Também é notável que em todas as muitas referências em Deuteronômio a este “lugar”, não há menção de onde era. À medida que a história de Israel se desenrola nas páginas da Palavra de Deus, aprendemos que era em Jerusalém (Sl 132:13; 1 Rs 11:13, 32, 36, 14:21, 15:4; 2 Cr 6:6 etc.). O lugar não é mencionado em Deuteronômio porque o Senhor queria que o Seu povo se exercitasse em buscá-lo quando entrassem na terra (“buscareis” – Dt 12:5). Isso sugere que transitar pela verdade antes de estarmos preparados para nela caminharmos, tende a tornar-se apenas um exercício intelectual, e o Senhor não quer isso.

Siló e Jerusalém

Quando os filhos de Israel entraram na terra de Canaã, Deus permitiu que eles fizessem da cidade de “Siló” o seu centro (Js 18:1). Este foi um lugar escolhido pelo povo; a Escritura não diz que o Senhor escolheu Siló (1 Rs 8:16). A referência em Gênesis 49:10 pode tê-los feito pensar que o centro deveria ser na cidade de Siló. No entanto, Jacó estava falando de uma Pessoa – não uma localidade na Terra.
O Senhor suportou e permitiu que tivessem Siló (a cidade) como seu centro. Isto foi dado provisoriamente a eles para mostrar o estado do povo – similarmente ao Senhor permitindo o povo escolher o rei Saul. Israel precisava aprender algumas lições a respeito dessas coisas e de si mesmos, e Deus usou Siló para fazer isso. Quando o centro deles estava naquele lugar, tudo deu errado, e eles falharam de todas as formas. Consequentemente Deus permitiu que a arca fosse levada pelos seus inimigos (1 Sm 4:10-11). O Senhor abandonou Siló, que estava na “tribo de Efraim” (Jr 7:12; Sl 78:60, 67), e então, quando Davi entrou em cena, Ele escolheu “a tribo de Judá” e o “monte Sião” (Sl 78:68-69).
Isto aconteceu como resultado de certos exercícios pelos quais Davi passou a respeito do lugar de escolha do Senhor (Sl 132). Deus indicou isso para ele, fazendo descer “fogo” do céu no ponto exato em que ele ofereceu o holocausto. Isto era um sinal de que o Senhor aceitou sua oferta, e por isso ele discerniu que este era o lugar onde a casa de Deus deveria ser construída (1 Cr 21:26-27; 22:1). Quando Davi trouxe a arca àquele lugar e seu filho (Salomão) construiu lá o templo, Deus novamente identificou aquele ponto como sendo o lugar de Sua escolha fazendo descer “fogo” do céu pela segunda vez (2 Cr 7:1), e a nuvem de glória Shekinah, que significava que a presença do Senhor, pousou ali (2 Cr 5:13-14). Era a autorização do Senhor sobre o lugar o qual Ele tinha escolhido para reunir Seu povo para sacrifícios e adoração.

A Revolta Contra o Único Centro em Jerusalém

Não muito tempo após Deus estabelecer Jerusalém como o lugar de Sua escolha, houve um ataque à verdade de um centro de reunião em Israel. Como mencionado antes, o inimigo veio e levou dez das doze tribos para longe do centro sob a revolta de Jeroboão (1 Rs 11 e 12). Havia faltas em ambos os lados, mas não justificavam a divisão. Isto nos mostra que o inimigo tinha uma particular aversão a esta verdade, e isto não é diferente hoje.
Para solidificar a divisão, Jeroboão estabeleceu dois centros falsos: um perto de Jerusalém (em Betel) e outro longe de Jerusalém (em Dã). Ele ordenou uma festa nesses falsos centros “como” aquela que acontecia em Jerusalém para dar-lhe uma aparência de verdadeira ordem de Deus (1 Rs 12:33). Isto foi feito para tranquilizar a consciência daqueles que adoravam nesses novos centros. Mas foi algo que “ele tinha imaginado no seu coração” (1 Rs 12:33).
O povo podia comer a Páscoa em Betel ou em Dã, e chamar isso de Páscoa, e isso deve ter se parecido com a Páscoa em Jerusalém. Aqueles que a celebravam naqueles falsos centros podem ter sinceramente crido que era a Páscoa. Eles podem até ter zombado da verdade de haver um centro em Israel, ao dizer que aqueles em Jerusalém eram orgulhosos e arrogantes, e estavam fazendo altas reivindicações. Mas a verdade da questão é que permanecia apenas um centro em Israel que o Senhor o reconhecia com a Sua presença – Jerusalém.

O Tempo de Ezequias

Mesmo bem depois na história de Israel, nos dias de Ezequias, quando havia muitas falhas da parte do povo, Deus ainda reconhecia Jerusalém como Seu único centro de reunião. As coisas não haviam mudado mesmo sendo muitos anos mais tarde. Isto mostra que o passar do tempo não altera os princípios de Deus para a reunião.
Quando Ezequias e aqueles que com ele estavam em Jerusalém celebraram a Páscoa, mandaram mensageiros pelas tribos de Israel, lembrando-os de que Deus queria que celebrassem a festa em Jerusalém, mas a maioria deles rejeitou celebrá-la (2 Cr 30). Mas isto não mudou a verdade de um centro. No entanto, alguns de poucas tribos “se humilharam, e vieram a Jerusalém” (v. 11). Isto mostra que o ponto de abandono é o ponto de restauração e que humilhar-se a si mesmo é necessário para fazer esta jornada moral ao centro de reunião.

O Único Centro de Reunião Durante o Milênio

Num dia vindouro, quando Israel for restaurado e trazido de volta para a sua terra, o próprio Senhor será o centro de reunião em Jerusalém. “a Ele se congregarão os povos” (Gn 49:10; Sl 50:5, 99:1-2; Ez 43:5, 48:35; Sf 3:5, etc.). Durante o Milênio será o centro terreno de Deus para Seu povo terreno.

A Mesa do Senhor

“A mesa do Senhor” (1 Co 10:21) é um termo simbólico que significa o terreno de comunhão sobre o qual Deus reuniria os membros do corpo de Cristo para adoração e ministério. Uma mesa na Escritura simboliza comunhão; neste caso comunhão para a qual todos os Cristãos são chamados (1 Co 1:9), onde a autoridade do Senhor é reconhecida e reverenciada. Por isto é chamada de a mesa “do Senhor”. Não é idêntica à “ceia do Senhor” (1 Co 11:20), embora muitas vezes sejam confundidas. Os Cristãos usam os dois termos indiferentemente – não percebendo que são duas coisas diferentes. A ceia do Senhor é uma ordenação literal na qual os Cristãos participam do partimento do pão, enquanto que a mesa do Senhor indica o terreno de princípios espirituais nos quais o Senhor reúne Cristãos ao Seu nome, onde Sua autoridade é reconhecida em seu meio.
Não é correto, portanto, dizer que vamos à mesa do Senhor no dia do Senhor. Se fomos recebidos à comunhão à mesa do Senhor, estamos nela 7 dias por semana, 24 horas por dia. Em condições normais, chegamos à mesa do Senhor uma vez, mas participamos da ceia do Senhor numa hora específica no dia do Senhor. Portanto, tampouco seria correto dizer que “o irmão Fulano se levantou à mesa do Senhor para dar graças...” Sabemos o que quer dizer, mas seria mais correto dizer que ele se levantou na ceia do Senhor para dar graças pelos símbolos. A mesa do Senhor não é uma mesa literal que os irmãos colocam no meio de uma sala sobre a qual os emblemas do partimento do pão são colocados. Nem devíamos pensar que a mesa do Senhor é uma coisa mística no céu em que estão todos os Cristãos. Mas é simbólica do verdadeiro terreno de reunião na Terra, onde o Senhor reúne os crentes. Todos os Cristãos deveriam estar à mesa do Senhor, mas por causa da confusão e grande dispersão de crentes na Cristandade, relativamente poucos estão ali.
Quando alguém é recebido em comunhão, é recebido “à mesa do Senhor” onde ele tem o privilégio de tomar “a ceia do Senhor”. Se uma pessoa é “excluída” sob um ato administrativo de julgamento pela assembleia (1 Co 5:13), ele é colocado fora da mesa do Senhor, não apenas fora da ceia do Senhor. Assim, ele é colocado fora da comunhão dos santos reunidos ao nome do Senhor como um todo, o que incluiria o privilégio de partir o pão. Alguns pensam que o comer, mencionado em 1 Coríntios 5:11 (“com o tal nem ainda comais”) refere-se a comer a ceia do Senhor. Daí eles concluem que não devemos partir o pão com uma pessoa que tenha sido afastada, mas que podemos ter comunhão com ele de outra maneira. Isto é essencialmente afastar uma pessoa da ceia do Senhor, mas não da mesa do Senhor e não é o que Escritura ensina. A Escritura diz que o afastar deve ser “dentre vós” – o que é mais amplo que comunhão na ceia. O comer a que o apóstolo se refere é qualquer tipo de comer – seja no partimento do pão ou em uma simples refeição em nossa casa. A tradução de J. N. Darby diz, “não vos mistureis com ele; com o tal nem ainda comais” – o que é um símbolo de comunhão social.
A Escritura é clara que há uma mesa do Senhor – não há menção do Senhor tendo muitas “mesas”. Os santos reunidos ao nome do Senhor, à mesa do Senhor, podem partir o pão em muitos lugares pelo mundo, mas é uma mesa – um terreno de comunhão. O Senhor só possui um terreno de comunhão ao qual os Cristãos estão reunidos neste mundo.

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Revisando estas Escrituras, teríamos de concluir que a presença do Senhor (no sentido coletivo, do qual estivemos falando) poderia estar em apenas um lugar da Cristandade. E se isto é verdade, Ele não poderia estar em todos os lugares onde Cristãos se reúnem – apesar de os Cristãos poderem ter uma boa intenção em sua reunião. É bem simples; se o Senhor Se fizesse presente (como em Mateus 18:20) nos muitos lugares onde Cristãos se reúnem, Ele seria conivente com aquelas falsas posições. Se o Espírito de Deus tivesse dirigido Cristãos a formarem várias comunhões separadas umas das outras, então Ele seria o Autor de divisões que desonrariam a Deus na Cristandade! Isso não pode ser. O respeitado instrutor bíblico, Sr. W. Potter, disse: “Suponha que o Senhor Se fizesse presente agora nas diferentes denominações, o que Ele estaria fazendo? Estaria sancionando aquilo que é contrário a Ele mesmo. Ele não pode fazer isso”. Ele também disse: “Você quer dizer que o Senhor não está no meio de nenhum outro no mesmo sentido? Decididamente, Ele não está”.

Filadélfia


Filadélfia

As cartas do Senhor às sete igrejas na Ásia confirmam o mesmo ponto (Ap 2 e 3). Se voltarmos às observações do Senhor àquelas igrejas, poderemos ver que há um terreno eclesiástico – um testemunho coletivo na Terra – o qual Ele aprova. Não podemos senão pensar que é aí onde o Senhor queria que estivéssemos, e aonde o Espírito de Deus conduziria crentes exercitados.
Como mencionado antes, essas cartas apresentam a história profética da Igreja. Cada assembleia, consecutivamente considerada, representa estágios através dos quais toda a Igreja passaria na história. É significativo que a vinda do Senhor é mencionada em cada uma das quatro últimas igrejas, mas não é encontrada nas três primeiras. Isso indica que o que existiu historicamente nos três primeiros períodos saiu de cena, mas o que é apresentado nas quatro últimas igrejas continua até que o Senhor venha. As quatro últimas igrejas são: Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. Elas apresentam quatro condições existentes hoje no testemunho público da Igreja.

A assembleia de “Tiatira” representa o poderoso sistema que se levantou na Igreja por volta de 580 d.C. conhecido como catolicismo (Ap 2:18-29). Ele retrata o período em que esse sistema eclesiástico governou a Igreja e o mundo (na Europa). A palavra Tiatira significa “sacrifício contínuo” e se refere à missa católica. “Jezabel” representa o ensino perverso do catolicismo. Ela chamava a si mesma de “uma profetisa” e assumiu um papel na Igreja que Deus nunca deu a ela. Ela começou a “ensinar e seduzir” seus súditos com suas doutrinas e práticas malignas. O sistema católico criou seus dogmas e os forçou na profissão Cristã e no mundo.
Uma vez que a vinda do Senhor é mencionada em Suas observações à Tiatira (Ap 2:25), entendemos que aquilo que esta igreja representa continuará até que Ele venha – o Arrebatamento. Na verdade, continuará depois do Arrebatamento até a metade do período de sete anos de tribulação – sob a figura do Mistério, a grande Babilônia (Ap 17). Este grande sistema eclesiástico é facilmente identificado no mundo hoje.

A assembleia em “Sardes” representa o protestantismo, que começou em 1529 d.C. (Ap 3:1-6). A palavra “Sardes” quer dizer “aqueles que escapam” e representa o que aconteceu naquela época. Assim como Jeú no passado foi usado para quebrar a influência que Jezabel tinha sobre o reino de Israel (2 Rs 9-10), Deus levantou os reformadores e os usou para quebrar o poder do catolicismo. Isso permitiu que muitos santos escapassem de suas garras. As duas coisas principais que os reformadores insistiram foram a supremacia da Bíblia sobre a Igreja e a salvação apenas por fé.
É significativo que o Senhor disse a esta assembleia, “não achei as tuas obras perfeitas [completas – TB]. O que começou no poder do Espírito tornou-se algo frio, formal, numa ortodoxia[1] morta. Os reformadores se voltaram ao Estado por proteção contra a perseguição da igreja de Roma e estabeleceram as grandes igrejas nacionais no protestantismo que existem até hoje. A assembleia em Sardes representa a condição das coisas na Cristandade depois que o impulso da Reforma passou. Descreve no que os reformadores caíram – protestantismo. É triste dizer, os reformadores saíram do catolicismo, mas, infelizmente, o catolicismo não saiu inteiramente deles. Assim, as igrejas protestantes têm muito dos princípios e práticas católicas.
Novamente, a vinda do Senhor é mencionada em Sardes. É na verdade a Sua Aparição, que ocorre depois da grande tribulação (Ap 3:3). Isto quer dizer que o protestantismo continuará até o Arrebatamento, e além dele. A religião do Cristianismo, no que se refere às práticas exteriores da Igreja, será destruída no meio da semana profética, mas os professantes sem vida conectados a ela permanecerão para serem julgados na Aparição de Cristo. Como em Tiatira, o que Sardes representa no mundo Cristão é também facilmente identificável hoje nas grandes igrejas nacionais protestantes e igrejas dissidentes que surgiram a partir delas.

A assembleia em “Filadélfia” representa o movimento na Igreja que começou em 1827 d.C. (Ap 3:7-13). “Filadélfia” quer dizer “amor fraternal” e significa o estado feliz de um testemunho remanescente de crentes que foram exercitados a retornar aos primeiros princípios em relação à ordem e prática da assembleia.
Em cada uma das igrejas anteriores, o Senhor Se descreveu de acordo com uma das características as quais João viu no capítulo 1. Mas ao dirigir-Se a essa igreja Ele Se apresenta de modo inteiramente novo; isto significa um novo início. Até agora, havia um remanescente de crentes fiéis que caminhavam sozinhos como indivíduos (Ap 2:24-25, 3:4), mas nesse momento, o Senhor trouxe à existência um testemunho remanescente em sentido coletivo.
O Senhor Se apresenta a esta igreja de três maneiras. Ao apreendê-Lo nesses carácteres, três grandes coisas resultaram naquele momento. Em primeiro lugar, o Senhor disse, “o que é Santo, o que é Verdadeiro”. Cristãos exercitados viram o Senhor em Seu verdadeiro caráter e entenderam que para ter comunhão com Ele, santidade e verdade eram exigidas deles. Isto os levou por vários exercícios em relação à separação do mal, e resultou em quebrar todos os jugos desiguais – seculares e eclesiásticos (2 Tm 2:19-22).
Em segundo lugar, o Senhor Se apresenta como tendo “a chave de Davi”. Esta é uma referência às profecias do Velho Testamento concernentes ao Messias de Israel (Is 22:22). São profecias conectadas com as promessas feitas a Davi em relação a Cristo, que sairia de sua descendência para reinar em Seu reino. Naquele tempo, o Senhor abriu aos santos o entendimento de assuntos proféticos. Daí resultou um despertar geral e interesse pela profecia na profissão Cristã. Ao aprender assuntos proféticos, eles descobriram que a Igreja não tinha parte nas bênçãos terrenais futuras de Israel, mas tinha suas próprias bênçãos distintas e celestiais. A eles foi dado conhecer a verdadeira natureza e o chamado da Igreja, bem como seus arranjos práticos para a adoração e ministério enquanto estivessem na Terra. A completa revelação da verdade Cristã que uma vez foi dada aos santos (Jd 3) foi recuperada naquele tempo – incluindo a verdade da vinda do Senhor (o Arrebatamento).
Em terceiro lugar, o Senhor Se apresenta a esta igreja como “O que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre”. Isto aponta para o fato de que o que aconteceu naquele tempo foi um movimento da soberania de Deus que nenhum homem ou o diabo poderia parar. Apreender isto deu a todos aqueles ligados a este testemunho a coragem de se reunirem para a adoração e ministério de acordo com a simplicidade das Escrituras, e não havia nenhum homem que pudesse impedi-lo (compare Atos 28:31).
É significativo que esta igreja é marcada por ter “pouca força”. Eles tinham o mesmo poder espiritual que a Igreja primitiva tinha (At 4:33), mas era em “pouca” porção. Então, este despertar não foi um movimento de larga escala no mundo. Não tinha um grande status no mundo, tal como tinha a igreja católica e as igrejas do protestantismo. O guardar a Sua “Palavra” também marca esta igreja. Historicamente, aqueles conectados a este movimento eram conhecidos por serem estudantes das Escrituras (At 17:11). Esta igreja é também conhecida por não negar Seu “nome”. Eles abandonaram todos os nomes denominacionais e títulos e estavam felizes de se reunirem simples e somente ao Seu nome (Mt 18:20).
Eles são recomendados por guardarem a Palavra da Sua “paciência”, a qual é um aspecto da verdade que tem a ver com a esperança da vinda do Senhor (v. 10). Guardando-a (não apenas a conhecendo) os fez estrangeiros celestiais neste mundo. Então, como peregrinos, não se envolvem em assuntos políticos do mundo. O Senhor prometeu a esta igreja que Ele viria “sem demora” (v. 11). Isto se refere à iminência da Sua vinda, a qual estava particularmente diante deles.
O Senhor avisou aos filadelfienses do perigo de não guardarem o que lhes foi dado e consequentemente perderem a “coroa” (v. 11). Um perigo sempre presente ao filadelfiense é renunciar a verdade que Deus lhe deu. Ora, isto foi exatamente o que aconteceu com alguns que estavam conectados a este movimento. Eles abriram mão de porções e partes da verdade recuperada neste período e foram afastados e dispersos em divisões entre irmãos e nas igrejas denominacionais.
É significativo que Filadélfia é a única das quatro igrejas que vai até o final e que o Senhor não encontra nada para julgar. Diferentemente das outras igrejas, não há uma palavra de condenação dada a eles. Eles não são chamados a se “arrependerem”, como foi o caso com as outras igrejas, porque já estavam em um estado de arrependimento. Eles sentiram o estado partido e arruinado da Igreja como um todo e confessaram sua parte em seu fracasso público (compare Daniel 9; Esdras 9; Neemias 9). Está claro, portanto, que esse é um testemunho coletivo que o Senhor aprova. É óbvio que esta é a posição eclesiástica onde o Senhor quer que estejamos.
Uma vez que o Senhor menciona Sua vinda para aqueles em Filadélfia, sabemos que o que esta igreja representa continua até o Arrebatamento. Podemos nos regozijar que exista alguma posição eclesiástica na Cristandade hoje em dia que encontra aprovação do Senhor. No entanto, já que este testemunho carrega um caráter de remanescente, não é fácil identificá-lo na Cristandade, como são Tiatira e Sardes. Isso pode exigir algum exercício e alguma busca para encontrá-lo.

A assembleia em “Laodiceia” representa a condição da Igreja que brotou a partir do que teve lugar em Filadélfia (Ap 3:14-22). Isto se iniciou no final da segunda metade do século 19. O que é descrito em Laodiceia corresponde ao testemunho da Igreja em seus últimos dias. “Laodiceia” significa “os direitos do povo” e indica as ideias democráticas modernas que influenciaram a Igreja nestes últimos dias. A formação de igrejas independentes, que escolhem seus anciãos e nomeiam seus pastores, caracteriza esse último período. O resultado é que muitas igrejas ditas “evangélicas” surgiram na Cristandade.
Laodiceia descreve uma parte no testemunho Cristão que é caracterizado pela grandeza autossuficiente que se imagina dotada de riquezas espirituais e poder, mas na realidade é “um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”. Em vez de o Senhor avaliar o estado da assembleia em Laodiceia, como fez nas igrejas anteriores, os laodicenses O colocaram para fora da sua porta e assumiram Seu lugar e avaliaram sua própria condição como sendo ricos e bons! Isto é realmente inacreditável. O estado daqueles em Laodiceia era “morno” e tão repugnante ao Senhor que Ele anunciou que estava prestes a “vomitá-los” de Sua boca. Isto ocorrerá em Sua vinda – o Arrebatamento.
Laodiceianismo é ter a luz e verdade de Filadélfia, mas sem o seu poder no nosso caminhar. É a retenção da verdade recuperada nos tempos de Filadélfia (ou de suas partes) nominal ou intelectualmente, mas sem ter qualquer influência moral sobre a vida da pessoa. Por exemplo, a maioria dos Cristãos evangélicos acredita na verdade da vinda do Senhor (o Arrebatamento) a qualquer momento, mas com muitos, isto tem pouco ou nenhum efeito prático na vida pessoal deles. Como resultado, em vez de fazer a Igreja mais peregrina em caráter, ela se tornou mais mundana do que nunca.
Esta igreja é marcada por uma indiferença grosseira aos apelos de Cristo. É o retrato de uma igreja sem Cristo, que colocou o Senhor da glória fora de sua porta. É difícil de acreditar que eles tiveram a audácia de excomungar a Cabeça da Igreja – pelo menos na prática! Tal é a lamentável condição que marca a Cristandade moderna nestes últimos dias. Esta é a figura solene com a qual se encerra o capítulo 3, e com isso, a história da Igreja na Terra.

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Olhando atentamente o que essas quatro igrejas representam, vemos que há apenas um testemunho coletivo dentre os quatro que o Senhor aprova. Se Ele tivesse que escolher colocar Seu nome em algum lugar na Terra, e lá estivesse reunindo Cristãos (Mt 18:20), teria que ser Filadélfia. Não podemos pensar que o Espírito de Deus conduziria pessoas a qualquer lugar senão àquele que tem a aprovação do Senhor. O exercício pessoal de cada Cristão deveria ser o de estar identificado com o que Filadélfia representa, embora possa ser mantido em muita fraqueza.
As últimas duas igrejas descrevem partes eclesiásticas na Cristandade, mas também descrevem dois estados espirituais na Igreja. É possível, portanto, estar conectado à posição eclesiástica de Filadélfia, mas estar no estado de Laodiceia. O livro de Malaquias ilustra este ponto. O povo naquela época estava na posição correta (em Jerusalém), mas em uma condição errada (espiritualmente). Portanto, no momento em que pensamos que somos Filadélfia, provamos que somos Laodiceia. Verdadeiros Filadelfienses não estão ocupados consigo mesmo e seu testemunho; eles estão ocupados com o Senhor e tentando agradá-Lo.


[1] N. do T.: Ortodoxo provém da palavra grega “orthos” que significa “reto” e “doxa” que significa “fé”. É o que está em conformidade com a doutrina tida como verdadeira.

O Cenáculo


O Cenáculo

Lucas 22:7-10 estabelece este mesmo ponto; havia um lugar “onde” o Senhor queria que os Seus se encontrassem com Ele – no “cenáculo”. Ele estava prestes a instituir a ceia do Senhor – o partimento do pão (Lc 22:19-20; 1 Co 10:16-17, 11:23-26) – e Ele desejava que Seus discípulos o fizessem no lugar de Sua escolha. Havia muitos locais em Jerusalém naquela noite em que se guardavam a festa, mas havia apenas um único lugar onde o Senhor estava presente – o lugar que Ele escolheu para Seus discípulos O encontrarem. Igualmente, a Cristandade está em desordem, e como resultado, há muitos lugares onde Cristãos se encontram hoje em dia, mas o Senhor não está em todos os lugares, neste sentido coletivo, para sancionar o terreno no qual eles se encontram. Se Ele estivesse, estaria sancionando o estado dividido do testemunho público da Igreja. Será dito mais sobre isto à medida que avançamos.


A Promessa de um Lugar de Reunião no Cristianismo

Mateus 18:20, ao qual já nos referimos diversas vezes, indica isto. Diz, “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em [colocados juntos ao – JND] Meu nome, aí estou Eu no meio deles”. “Onde” neste versículo indica que há um lugar de reunião de divina indicação onde Deus está reunindo Cristãos ao nome do Senhor. Como mencionado, esse lugar de reunião no Cristianismo não é um centro geográfico literal, mas um terreno espiritual envolvendo princípios bíblicos que têm a ver com a forma como os Cristãos se reúnem para adoração e ministério. Aqueles nesse terreno não estão reunidos aos princípios, mas ao nome de uma Pessoa – o Senhor Jesus Cristo – que está no meio deles.
Este centro de reunião é um lugar da escolha do Senhor, onde colocou Seu nome e onde Ele reúne crentes. Nota: este versículo não diz “onde quer” – como alguns Cristãos leriam (como na versão Phillips Modern English). “Onde quer” faz dele um lugar de nossa escolha, mas “onde” – que é o que a Escritura diz – faz dele um lugar de Sua escolha. É por isso que frequentemente é chamado de “o lugar de Sua escolha”. Muitos pensam que Mateus 18:20 está dizendo simplesmente que sempre e onde quer que Cristãos se reúnam – seja em uma cafeteria local, ou para algum propósito recreativo etc. – eles têm a presença coletiva do Senhor com eles. Ora, é verdade que, quando os Cristãos se reúnem para qualquer propósito que tenham em mente, a presença do Senhor está com eles como indivíduos, porque Ele disse, “e eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28:20). E “Não te deixarei, nem te desampararei” (Hb 13:5). Mas não é disso que Mateus 18:20 está falando. Há diferença na Escritura entre a presença do Senhor com Seu povo como indivíduos, e a presença do Senhor com uma companhia de crentes coletivamente, reunidos em assembleia para adoração, ministério e para executar ações administrativas de ligar e desligar. Esta última (ligar e desligar) é a que Mateus 18 está se referindo.
Contexto é tudo na interpretação da Bíblia. Se olharmos em Mateus 18, veremos nos versículos que levam ao versículo 20 que o Senhor estava falando “da assembleia” (JND) em sua capacidade administrativa de ligar e desligar. O capítulo tem a ver com a autoridade que a assembleia local tem para tais ações, porque o próprio Senhor está no meio. O Senhor está no meio sancionando o terreno sobre o qual eles se encontram como reunidos ao Seu nome, e, consequentemente, sancionando também suas ações administrativas. Tendo dito isto, nos apressamos em dizer que a presença do Senhor no meio daqueles a quem Ele reuniu não sanciona seu estado – porque esse pode ser baixo – mas sim o terreno sobre o qual se reúnem. Esta é uma nota importante.