segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Disciplina na Igreja


Disciplina na Igreja

Uma assembleia bíblica também exercerá disciplina quando necessário. Se os anciãos que cuidam do rebanho virem uma pessoa com um mau comportamento, de alguma forma, eles vão agir para corrigi-la (Hb 13:17). Isto será feito para a glória do Senhor, mas também em amor para com o indivíduo que está se extraviando. Eles vão se sentir responsáveis por agir a este respeito, porque sabem que a Palavra de Deus diz: “Livra os que estão destinados à morte, e os que são levados para a matança, se os puderes retirar. Se disseres: Eis que o não sabemos: porventura aqu’Ele que pondera os corações não o considerará? e aqu’Ele que atenta para a tua alma não o saberá? não pagará Ele ao homem conforme a sua obra?” (Pv 24:11-12). Como vigias sobre o muro, eles são responsáveis por “tocar a trombeta” para soar um alerta quando veem algum perigo. Ao fazê-lo, eles livram a própria alma deles, porque Deus os considera responsáveis (Ez 33:1-6; Hb 13:17).
Existem três principais áreas de preocupação em que um indivíduo pode se tornar falho. Em cada caso, os que cuidam do rebanho e são responsáveis por manter a santidade e a ordem na casa de Deus vão tentar lidar com o problema antes que ele fique fora de controle. Se eles puderem corrigir o curso que uma pessoa está percorrendo antes que atinja um ponto em que a assembleia deverá colocá-la fora da comunhão, terão feito um bom trabalho e terão livrado essa pessoa de muita dificuldade e sofrimento em sua vida (Tg 5:19-20). Isso pode ser feito por qualquer um que se preocupe com a pessoa, mas os anciãos/supervisores são os principais responsáveis por este trabalho. Por conseguinte, eles vão tomar certas ações preliminares para com a pessoa no erro, dependendo do rumo no qual a pessoa toma. Isso mostra que a maior parte de toda a disciplina da Igreja deve ser exercida para com uma pessoa que ainda está em comunhão.
Os cenários seguintes dão o procedimento geral. Isso é reconhecidamente difícil de delinear porque essas coisas não podem ser organizadas como se estivéssemos consultando um manual ou um livro; cada caso deve ser tratado em seu próprio mérito, e não existem dois casos idênticos. A Escritura pressupõe que aqueles que fazem este trabalho são pessoas espirituais que irão lidar com esses casos com discernimento “espiritual” (Gl 6:1; 1 Co 2:15).

Uma Pessoa Mundana - (falha em seu andar).

Isso pode incluir muitas desordens morais nas quais uma pessoa poderia estar envolvida (1 Co 5:11 etc.).
  • Aqueles que se importam com o rebanho vão tentar “restaurar” a pessoa surpreendida em alguma falta, com espírito de mansidão, indo a ela com a Palavra de Deus (Gl 6:1; Jo 13:14). Eles procurarão alcançar o coração e a consciência da pessoa de uma forma gentil e carinhosa, num esforço de convertê-la do curso em que possa se encontrar.
  • Se isso não alcançar a pessoa, o próximo passo será o de “admoestar” a pessoa em uma repreensão privada (1 Ts 5:14). Isso seria mais firme e direto.
  • Se a pessoa persiste em seu curso, mas não está em um pecado em particular que exija a excomunhão, aqueles que assumem a liderança na assembleia podem encorajar os santos a se “afastarem” da pessoa para que sua consciência seja tocada, assim, ela poderá julgar-se a si mesma (2 Ts 3:6-15).
  • Se um pecado em particular se torna manifesto e exige a excomunhão, a assembleia deve então agir executando um julgamento de desligamento para “tirar” essa pessoa que está entre eles. (Mt 18:18-20; 1 Co 5:11-13).


   Uma Pessoa Heterodoxa - (falha em sua doutrina).

               Esta seria uma situação em que uma pessoa adota doutrinas errôneas consideradas heterodoxas[1] [de opinião contrária] (1 Tm 4:1; 2 Jo 9).
  • Os responsáveis na assembleia tentarão corrigir o indivíduo de seu erro e “adverti-lo” a não ensinar outra doutrina que não seja a ortodoxa[2] [de opinião igual] (1 Tm 1:3).
  • Se a pessoa insiste em ensinar suas ideias errôneas na assembleia, a assembleia é responsável por “julgar” os seus ensinamentos e chamá-la a ficar em silêncio nas reuniões (1 Co 14:29). Isso poderia ser chamado de “a disciplina do silêncio”.
  • Se as doutrinas da pessoa são de natureza blasfemas, tocando a Pessoa e a obra de Cristo, a assembleia deverá tirá-la de comunhão. O apóstolo Paulo fez isso com Himeneu e Alexandre, entregando-os a Satanás, para que “aprendam [sejam ensinados por disciplina – JND] a não blasfemar” (1 Tm 1:20). A assembleia não pode entregar alguém diretamente a Satanás como um apóstolo podia fazer, mas pode colocá-la fora de sua comunhão, onde Deus julga.
  • Se os santos entram em contato com tal pessoa na profissão Cristã em geral, eles devem se “afastar” dos tais que têm ensinamentos errôneos e que pervertem a fé dos santos (2 Tm 2:16-19).

Uma Pessoa Que Causa Divisão (herege em seu espírito).

Esta é uma pessoa que cria uma partição na assembleia, tendo um espírito partidário em alguma causa. Este é mais do que um mal eclesiástico e, geralmente, é o mais difícil de detectar-se entre todos os males. J. N. Darby disse: “Impiedade eclesiástica é sempre a pior”. Uma vez que isso é prejudicial para a saúde da assembleia, deve ser tratado.
  • Os irmãos devem identificar e “evitar” aqueles que provocam divisões e escândalos na reunião (Rm 16:17-18). Nota: Isso não quer dizer: “note os que seguem em divisões”, mas aqueles que “causam” divisões. Isto significa que devemos distinguir entre os líderes e os liderados quando um espírito de partidarismo surge na assembleia.
  • Aqueles que levantam questões que dividem os santos muitas vezes fazem isso liderando uma rebelião contra os que tomam a liderança na assembleia. Ao que peca por trazer acusações infundadas contra um ancião, a assembleia deve “repreendê-lo na presença de todos” (1 Tm 5:19-20). A repreensão pública está ordenada para quando alguém divide os santos em posições partidárias (Gl 2:12-14).
  • Se a pessoa continua a propagar suas discussões e a dividir o rebanho, a assembleia tem motivos para excomungá-la. Semear a discórdia entre os irmãos é uma “abominação” ao Senhor (Pv 6:16-19), e algo que é abominável ao Senhor não deve estar em comunhão à Sua mesa. Por conseguinte, a pessoa deve ser colocada fora de comunhão.
  • Se alguém da assembleia se encontrar com um líder de uma divisão que foi colocado fora de comunhão ou que tenha saído com o seu grupo, os irmãos devem “admoestá-lo” mais uma vez (Tt 3:10). Se ele tiver qualquer outro encontro com esse líder, os irmãos devem “evitá-lo”, porque ele está pervertido (Tito 3:10).

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[1] N. do T.: Heterodoxo provém da palavra grega “hetero” que significa “diferente” e “doxa” que significa “fé”. É o que se opõe aos padrões, normas, regras ou à uma doutrina pré-estabelecida. É o que está em desconformidade com a doutrina tida como verdadeira.
[2] N. do T.: Ortodoxo provém da palavra grega “orthos” que significa “reto” e “doxa” que significa “fé”. É o que está em conformidade com a doutrina tida como verdadeira.

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