segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Número Sete - Uma Assembleia Bíblica Terá Aqueles Que Agem em Cuidado Responsável em Seu Meio


Número Sete - Uma Assembleia Bíblica Terá Aqueles Que Agem em Cuidado Responsável em Seu Meio

Em uma assembleia reunida biblicamente haverá liberdade para vários irmãos exercitarem seus dons e sacerdócio, mas não devemos pensar que na assembleia não há governo. A Escritura indica que existem certas regras (liderança administrativa) na Igreja. Na assembleia reunida biblicamente haverá aqueles que tomarão a liderança administrativa para assegurar que a santidade e a ordem sejam mantidas, porém isso não será de uma maneira formal.
A maneira usual de o Senhor guiar uma assembleia local em suas responsabilidades administrativas é por meio dos que “tomam a liderança” (1 Ts 5:12-13; Hb 13:7, 17, 24; 1 Co 16:15-18; 1 Tm 5:17 – JND). Essa frase na versão King James da Bíblia e na versão de João Ferreira de Almeida foi traduzida como “aqueles que presidem sobre vós”, mas não é precisa, nos levando a pensar que exista uma casta especial de homens que esteja “sobre” o rebanho – o clérigo. É evidente que essas versões da bíblia estiveram nas mãos de clérigos que de alguma forma influenciaram os tradutores. O uso da palavra “bispo” é outro exemplo. Ela deveria ter sido traduzida como “supervisor” ou “supervisão”.
Tomar “a liderança” nessa função não significa liderar no ensino ou na pregação pública, mas nas questões administrativas da assembleia. Confundir essas duas coisas é entender de forma equivocada a diferença entre dom e ofício, que são duas esferas distintas na casa de Deus. Alguns daqueles que “tomam a liderança” podem não ensinar publicamente, mas é muito bom e útil quando podem fazê-lo (1 Tm 5:17). Estes homens devem conhecer os princípios da Palavra de Deus e serem capazes de expô-los para que a assembleia entenda o curso da ação que Deus gostaria que fosse tomado em algum assunto particular (Tt 1:9). Estes homens não se nomeiam a si mesmos para o desempenho deste papel, nem mesmo são constituídos pela assembleia – como é frequente na igreja atualmente – mas eles são levantados pelo Espírito Santo para este trabalho (At 20:28). A assembleia irá reconhecê-los pelo seu cuidado devotado aos santos, pelo seu conhecimento dos princípios das Escrituras e pela demonstração de seu bom discernimento.
três palavras usadas nas epístolas para descrever estes líderes responsáveis na assembleia local.
  • Primeiramente, “anciãos” (Presbuteroi). Essa palavra se refere àqueles avançados em idade – implicando maturidade e experiência. No entanto, nem todos os homens mais velhos da assembleia necessariamente atuam no papel de líderes (1 Tm 5:1; Tt 2:1-2).
  • Em segundo lugar, “bispos” ou supervisores (Episkopoi). Essa palavra se refere ao trabalho que eles fazem – pastoreando o rebanho (At 20:28; 1 Pe 5:2), cuidando das almas (Hb 13:17) e admoestando (1 Ts 5:12).
  • Em terceiro lugar, “guias” ou líderes (Hegoumenos). Isto se refere à capacidade espiritual que possuem para liderar e guiar os santos. 

Os pontos acima mencionados não se referem a três diferentes posições na assembleia, mas sim a três aspectos de um trabalho que esses homens fazem. Isto pode ser visto pela maneira como o Espírito de Deus usa os termos alternadamente – compare Atos 20:17 com 20:28 e Tito 1:5 com 1:7. No livro de Apocalipse os que possuem esta função são chamados de “estrelas” e de “anjo da igreja [local] (Ap 1 a 3). Como “estrelas” eles devem ser testemunhas da verdade de Deus (dos princípios de Sua Palavra) como portadores de luz na assembleia local, trazendo luz sobre os vários assuntos enfrentados pela assembleia. Isso é ilustrado em Atos 15. Após ouvir sobre os problemas que estavam atribulando a assembleia, Pedro e Tiago trouxeram luz espiritual à questão. Tiago aplicou um princípio da Palavra de Deus e julgou da forma como ele acreditava que o Senhor desejaria que eles fizessem (vs. 15 a 21). Como “o anjo da igreja”, eles agem como mensageiros que levam a mente do Senhor à assembleia na resolução do problema. Isso também é ilustrado nos versículos 23 a 29.
Como já foi dito, não há nomeação oficial de anciãos/bispos/guias para este trabalho hoje, como houve na Igreja primitiva (At 14:23; Tt 1:5), porque não há apóstolos (ou pessoas delegadas pelos apóstolos) na Terra para ordená-los. Isso não significa que o trabalho de supervisão não possa continuar. O Espírito de Deus continua levantando homens piedosos para exercerem a supervisão nas assembleias reunidas biblicamente (At 20:28). Esses certamente seriam aqueles que um apóstolo ordenaria se vivesse em nossos dias.
Na carta de despedida de Paulo aos anciãos de Éfeso, ele fornece uma descrição do caráter e trabalho de um ancião/bispo/guia, usando a si mesmo como exemplo (At 20:17-35). Primeiramente ele destaca o que os mesmos devem ser:
  • Coerentes (v. 18);
  • Humildes (v. 19);
  • Compassivos (v. 19);
  • Perseverantes (v. 19);
  • Fiéis (v. 20);
  • Comprometidos (vs. 21-24);
  • Enérgicos (ou decididos) (vs. 24-27). 

Na sequência ele destaca o que eles devem fazer:
  • Pastorear o rebanho (v. 28); isto envolveria ser um modelo aos santos (1 Pe 5:3), ensinando-os (1 Tm 3:2; Tt 1:9), guiando-os e aconselhando-os etc. (Hb 13:17);
  • Vigiar contra duas ameaças: lobos adentrando e homens atraindo discípulos após si (vs. 29-31);
  • Utilizar os recursos dados por Deus para esse trabalho – oração e a Palavra de Deus (v. 32);
  • Exercer o ministério de dar (vs. 33-35).


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