Número Quatro - Uma
Assembleia Bíblica Reconhecerá o Sacerdócio
de Todos os Crentes e Permitirá Que Ajam Como Forem Conduzidos Pelo
Espírito
Até
agora vimos que uma assembleia reunida biblicamente será livre de sectarismo, judaísmo
e clericalismo. Agora vamos olhar outra característica estreitamente ligada aos
pontos anteriores – uma assembleia bíblica reconhecerá o verdadeiro sacerdócio
de todos os crentes. Já que tal assembleia vai dar a Cristo Seu legítimo lugar
conduzindo e guiando os procedimentos nas reuniões, também haverá liberdade
para os sacerdotes agirem na assembleia, como forem guiados pelo Espírito de
Deus.
Há
duas esferas públicas na Igreja: a esfera do sacerdócio e a esfera do dom.
Sacerdócio tem a ver com o privilégio de aproximar-se de Deus com adoração e
louvor. A palavra “sacerdote”
significa “aquele que oferece”. A
Bíblia ensina que todos os Cristãos são sacerdotes. Em 1 Pedro 2:5 lemos “Vós também, como pedras vivas, sois
edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios
espirituais agradáveis [aceitáveis
– JND] a Deus por Jesus Cristo”. E
em Apocalipse 1:5-6 diz, “Àquele que nos
ama, e nos libertou [lavou – ARC] dos nossos pecados pelo Seu sangue e nos
fez reino, sacerdotes para Deus e Seu Pai, a Ele a glória e o domínio pelos
séculos dos séculos. Amém” (TB).
Novamente
em Hebreus 10:19-22 diz, “Tendo, pois,
irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo
novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela Sua carne, e
tendo [um] grande [Sumo] Sacerdote sobre a casa de Deus” (ARA), “cheguemo-nos com verdadeiro coração, em
inteira certeza de fé; tendo os corações purificados da má consciência, e o
corpo lavado com água limpa” (ARC). O fato de que diz que o Senhor é um “Sumo Sacerdote” implica que há uma
companhia de sacerdotes abaixo d’Ele. Ele não presidiria como um “sumo” sacerdote se não houvesse
sacerdotes abaixo d’Ele. Igualmente uma pessoa não seria chamada de líder de
uma companhia ou grupo se não houvesse aqueles a quem ele liderasse. Assim
sendo, esta exortação nos encoraja a nos aproximarmos de Deus e exercermos os
nossos privilégios sacerdotais.
Deus
nos fala de duas coisas que fizeram,
dos filhos de Aarão, sacerdotes de acordo com a ordem judaica (Êx 29; Lv 8). Na
ordem Cristã temos estas duas coisas como realidades. Como resultado, somos
constituídos “sacerdotes para Deus”
(Ap 1:6).
- “Corpo lavado” – Isto é figurativo do nosso novo nascimento (Jo 13:10).
- “Coração purificado” – Isto é figurativo da obra consumada de Cristo aplicada por fé ao crente, pela qual sua consciência é purificada (Hb 9:14).
Mas
há algo a mais que é necessário para nos fazer agir como sacerdotes na presença
de Deus. Ele também fala de:
- “Um coração verdadeiro” – Isto é uma referência a um coração que julgou a si mesmo (1 Co 11:28, 31). Um coração cheio de astúcia que esconde seu verdadeiro estado não é um coração honesto e verdadeiro.
- “Inteira certeza de fé” – Isto não está se referindo à certeza da salvação, mas à confiança que temos de nos aproximar de Deus em fé porque nos julgamos a nós mesmos.
Assim,
as duas primeiras coisas nos fazem sacerdotes,
e as duas segundas nos fazem sacerdotais.
Uma tem a ver com o que somos posicionalmente; a outra tem a ver com o nosso
estado. Uma coisa é ser um sacerdote e outra é estar num estado sacerdotal.
Pode ser por isto que há ocasiões onde poucos irmãos exercitam seu sacerdócio
audivelmente numa reunião – os outros podem não estar num estado sacerdotal. A
resposta não é estabelecer uma casta de homens para fazer a oração e adoração
pública a Deus, mas de nos julgarmos a nós mesmos a fim de que o Espírito de
Deus esteja livre para nos guiar nas reuniões.
A
possibilidade de os sacerdotes não estarem em estado sacerdotal é ilustrado em
2 Crônicas 29:34. Diz, “Eram, porém, mui
poucos os sacerdotes, de modo que não podiam esfolar todos os holocaustos; pelo
que seus irmãos, os levitas, os ajudaram, até se acabar a obra, e até que os
outros sacerdotes se santificassem, pois os levitas foram mais retos de
coração, para se santificarem, do que os sacerdotes”. Não é que não havia
sacerdotes suficientes, mas que não havia sacerdotes “santificados” suficientes. Muitos deles não estavam num estado
correto para cuidar dos sacrifícios porque não haviam se santificado.
Nas reuniões,
os irmãos devem exercitar seu sacerdócio em orações públicas como porta-vozes
da assembleia. Em muitas igrejas hoje esse privilégio tem sido limitado a uma
classe especial de pessoas, mas esta não é a ordem bíblica. O apóstolo Paulo
disse, “Quero, pois, que os homens orem
em todo lugar” (1 Tm 2:8). As palavras “todo
lugar”, obviamente, incluem a assembleia. E novamente, em 1 Coríntios
14:15-19, ele menciona orar publicamente na assembleia. Declarar uma tal classe
e impô-la na assembleia é negar que todos os crentes são sacerdotes. Com
efeito, exclui o privilégio no Cristianismo de se entrar ousadamente no “Santo dos Santos” (na presença
imediata de Deus) e restaura o judaísmo onde os santos se aproximavam de Deus à
distância, por meio de uma casta intermediária de homens.
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Resumo: Uma assembleia bíblica permitirá liberdade para
os sacerdotes orarem e louvarem a Deus publicamente, como forem guiados pelo
Espírito.
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