O Desejo de Deus Por Uma Unidade Visível
Entre Seu Povo
Sabemos
da Palavra de Deus que Ele deseja “reunir
em um os filhos de Deus que estavam dispersos”, assim haveria “um rebanho” e “um Pastor” (Jo 11:51-52 – JND; 10:16). Antes de ir para a cruz, o
Senhor orou por isso dizendo: “Pai
santo, guarda em Teu nome aqueles que Me deste, para que sejam um, assim
como Nós”. E novamente, “Para que
todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que também eles
sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste” (Jo.
17:11, 21). Enquanto esses versículos no evangelho de João não falam
diretamente da verdade da unidade do corpo de Cristo, mas sim da unidade na
família, eles mostram que o desejo de Deus para Seu povo é que fossem
encontrados juntos em unidade visível na Terra.
Vamos
voltar novamente àquele versículo em Mateus 18:20, ao qual já olhamos muitas
vezes, mas desta vez para focar numa parte diferente do versículo. “Pois onde dois ou três estão
congregados em [colocados juntos
ao – JND] Meu nome, ali estou Eu no
meio deles” (Mt 18:20 – TB). O ponto que enfatizamos agora é que o Senhor
deseja que Seu povo não apenas esteja “reunido”
onde Ele estivesse no meio, mas que estivessem “reunidos juntamente”. Ele desejou que todos os que o Espírito de
Deus reunisse para o Seu nome, onde quer que estivessem na Terra, estivessem “juntos”. Ele não queria dizer que
todos deveriam estar juntamente reunidos em um único lugar geográfico (como era
no judaísmo – em Jerusalém), mas que eles atuassem juntos nas várias localidades,
onde o Espírito os tivesse reunido, para dar uma expressão universal ao fato de
que são um. Seu desejo é que houvesse uma comunhão universal dos santos na
Terra – para a qual todos os Cristãos são chamados (1 Co 1:9).
Agora
alguém pode pensar que estamos vendo mais nesta palavra “juntamente” do que se pretendeu, e é verdade que se tivéssemos
apenas este versículo (Mt 18:20) sobre o tema de reunir-se, alguém poderia ter
motivo para dizê-lo. Mas quando vamos para o livro de Atos e para as epístolas,
e interpretamos a Escritura à luz de todo o teor da revelação Cristã, podemos
ver que o Senhor estava indicando a verdade da unidade da Igreja. É apenas
aludido aqui em Mateus 18 porque os discípulos ainda não tinham o Espírito, e
eles não seriam capazes de receber isto (Jo 14:25-26, 16:12). O Senhor fez isto
em várias ocasiões em Seu ministério, dando apenas a semente de uma verdade e
deixando-a para ser desenvolvida por meio dos apóstolos, quando o Espírito
viesse.
Aprendemos
de João 10:16 que o Senhor não quis que Seu povo fosse encontrado em vários
rebanhos independentes, mas que houvesse “um
rebanho”, independentemente de onde eles pudessem ser encontrados sobre a
Terra. Haveria muitas reuniões, mas apenas um rebanho – uma comunhão universal
dos santos na Terra. Não era pensamento de Deus que a comunhão fosse algo
meramente local, limitado a um único grupo de crentes numa cidade ou vila. Como
o evangelho alcançou outras terras e muitos se converteram, haveria
naturalmente muitas reuniões espalhadas pela Terra, mas o Senhor queria que
ainda assim eles fossem um em comunhão e testemunho.
Caminhar Como é Digno de Nossa
Vocação é Expressar Praticamente que Somos “Um Corpo”
Especialmente
as epístolas aos Efésios e Colossenses revelam a verdade do “grande Mistério” de Cristo e da
Igreja, que é Seu corpo. A primeira exortação prática na epístola aos Efésios é
que andassem “como é digno da vocação”
com a qual eles foram chamados (Ef 4:1). E podemos perguntar como os membros do
corpo fazem para “andar como é digno da
vocação”? Alguns podem dizer que eles devem fazê-lo vivendo corretamente,
como bons cidadãos na comunidade, mas esse não é o ponto dessa passagem da
Escritura. Cristãos obviamente deveriam estar preocupados em andar em retidão
diante do mundo, mas o contexto dessa passagem indica que a exortação “andar como é digno” da vocação é em
vista da revelação do Mistério de Cristo e de Sua Igreja – o corpo, o qual
Paulo apresentou no capítulo 3. Enquanto ordena aos santos que andem dignos de
sua vocação, ele acrescenta “Com toda a
humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo”
(Ef 4:2-5). Fica claro, portanto, que a Igreja deve andar digna da vocação do seu
chamado, colocando em prática a verdade de que é “um corpo”.
Não
somos chamados a manter a unidade do corpo, mas sim, “a unidade do Espírito”. Não há exortação na Escritura para os
Cristãos manterem a unidade do corpo porque isto é algo vital que Deus mesmo
mantém. Isto é o que Ele formou no Pentecostes, unindo os membros do corpo
junto a Cristo, a Cabeça no céu, por meio da habitação do Espírito – corpo esse
do qual agora somos parte por meio do selo do Espírito (Ef 1:13). Nenhum poder
ou inimigo pode quebrar a unidade do corpo; ela é tão forte quanto nosso
vínculo em Cristo na salvação. “A
unidade do Espírito”, no entanto, é uma unidade prática entre os crentes, a
qual somos responsáveis por manter, e é nosso privilégio fazê-lo. O que é então
a unidade do Espírito? F. G. Patterson disse, “Manter a unidade do Espírito é se esforçar em manter na prática o que
existe de fato”. E o que existe de fato? A passagem segue e nos diz: “há um só corpo”. Outra pessoa disse
que a unidade do Espírito é “aquilo que o
Espírito está formando para dar uma verdadeira expressão à verdade do um
corpo”. Concluímos, portanto, que os Cristãos devem andar dignos da vocação
do seu chamado colocando em prática a verdade de que eles são “um corpo”. Esta é a primeira grande
responsabilidade coletiva da Igreja. E é a mente de Deus que esta unidade seja
expressada universalmente – independentemente de onde esteja o corpo na Terra.
Esta unidade não poderia ser meramente algo local porque o corpo não está numa
localidade.
Para ajudar os membros do corpo
de Cristo a andarem juntos em unidade prática, Efésios 4 nos diz que Cristo, a
Cabeça do corpo que subiu ao céu, fez provisão completa aos membros para tal
fim (Ef 4:7-16). Ele deu “dons” à
Igreja com o propósito de ajudar os santos a entender seus privilégios e
responsabilidades no corpo, para que eles andassem dignos da vocação a que
foram chamados.
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